quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um dois três, p** no c* do português! (Brasil x Portugal, na China)

Lucas Paio, de Beijing.



Depois de assistir a duas partidas do Brasil em horário, no mínimo, féladapulta (2h30 às 4h15 da manhã), o jogo contra Portugal veio numa hora boa, literalmente falando: dez da noite de uma sexta-feira. Aproveitei a oportunidade para me juntar aos conterrâneos num bar em Sanlitun, distrito consular-etílico com mais estrangeiros por metro quadrado do que o bondinho do Pão de Açúcar. A Lúcia, campineira que mora em Beijing há 2 anos e meio (e escreve o blog Lu na China), me falou que a brasileirada iria em peso para o Luga's. Juntei a galera e lá fomos nós.

A Adidas armou até um campodefutebolzinho ao ar livre pra galera.

A noite começou com um jantar carinho, mas apetitoso, na pizzaria La Pizza (eita nome criativo), de proprietário e pizzaiolo italianos de raiz. A TV exibia uma reportagem de um canal italiano sobre a derrota patética da Azzurra no dia anterior, com direito a trilha de "Coooon teeeee partiróóóó", e o pizzaiolo lá vendo aquilo, deprimido. Se bobear até cortou umas cebolas na hora pra disfarçar o choro.

O Luga's é convenientemente localizado em frente ao La Pizza, mas não sabíamos disso e passamos a percorrer a ruazinha em busca do lugar. Ambulantes vendiam camisas e bandeiras do Brasil e, apurando o ouvido, já dava pra ouvir alguns transeuntes falando português. Encontrei o estabelecimento e três tiozões vestindo camisa do Brasil, que ali bebiam uma cervejinha pré-jogo, me informaram que o Luga's que exibiria a partida era outro. Dois bares na mesma rua com o mesmo nome. Brilhante.

Chegamos ao Luga's certo e boa parte das mesas da área externa, onde colocaram o telão, já estavam ocupadas. O garçom disse que do lado de dentro tinha muitas mesas disponíveis, mas eles mostrariam o jogo da Coréia do Norte com a Costa do Marfim (?!). "Tem muitos outros bares aqui em Sanlitun, é só darmos uma volta que a gente acha". Sim, bar tinha aos montes, mas todos cheios também (os lusitanos também vieram em peso), e a única área externa com telão e mesas vagas cobrava 100 kuai (R$ 26) de consumação por pessoa. Com os preços abusivos de Sanlitun, provavelmente gastaríamos até mais que isso, mas vai explorar sua avó, né.

 Debaixo desse Zakuminho tem um chinês suando em bicas.

Voltamos ao Luga's – cujo nome chinês é Lukasi, idêntico ao meu próprio nome chinês –, fizemos mágica pra caber todo mundo na mesa e observamos o lugar encher paulatinamente até lotar. Nunca vi tanto brasileiro junto em Beijing. A grande maioria vinha com camisa do Brasil, e teve um que chegou com o conjunto completo, camisa, calção e meião, ai de nós. A TV era de um canal americano e tinha narração em inglês, mas justo na hora de começar o troço danou a dar pau, a imagem travava toda hora e a galera começou a vaiar, claro. Trocaram para a tradicional CCTV 5 mas fizeram uma gambiarra para manter a narração em inglês. Logo agora que eu já tava me acostumando com expressões futebolísticas em mandarim, tinha que agüentar o sotacão americando dizendo "Crrristiénou Rrrounaldou".

A brasileirada no Luga's: loiro, morena, careca, cearense.

O zero a zero de dar sono não desempolgou o pessoal. Do hino, que cantamos na íntegra (tá bom, só até o primeiro "Pátria amada, Brasil") apesar de no estádio só tocarem um pedacinho, até o apito final, foi uma profusão de cantorias, berros, vaias e gritos evidenciando a gentileza brasileira para com os adversários: "Um, dois, três, p** no c* do português!", "Ronaaaaaldoooooooo viaaaaadooooooo" e quejandos. O bar ainda teve a infeliz idéia de distribuir cornetas pra galera (corneta mesmo, de som agudo, não era vuvuzela. Ainda não me decidi qual tortura mais).

A chinesa na nossa mesa olhava meio assustada, acho que nunca presenciou um zoológico daqueles.
Eu devia ter cantado pra ela: "isso aqui ô ô... é um pouquinho de Brasil iaiá...". Imagina se a Seleção jogasse direito. Beijing ia virar um Carnaval.



Aí, Thales. Na China a gente canta até o final!


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A zebra.



Já que eu fui em quatro jogos, seria um desaforo com suíços e espanhóis, nem registrar a minha presença na boa peleja que eles apresentaram. 
Registro com fotos, porque não aconteceram casos estranhos como o táxi maluco, ou as mulheres de shortinho ou o frio da excursão para o jogo do Brasil.
A única coisa diferente, foi o aparecimento dessa aí embaixo, vista pela primeira vez na Copa 2010 nesse jogo, afinal, deu Suiça, 1 a 0. 

                                        


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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Only Sibaya! O frio e a excursão. (Brasil x Coréia do Norte)

Vinte e poucos anos de vida já são suficientes para conhecer e decidir o que é bom na vida. 

Aprendizado um: nos anos 90 aprendi, com o Tamagochi, que 25ºC era a temperatura ideal para se viver. O número dois é que não é de hoje que eu aprendi que excursão e cilada são palavras que se aproximam cada dia mais, se é que não foram criadas juntas. 

 Chegando no ônibus da excursão

Excursão é uma coisa incrível. É o único fenômeno social que conheço que inverte Maquiavel. Os meios não justificam os fins. Ou ao menos não valorizam. Os fins são sempre agradáveis, afinal você se mete em uma excursão porque quer ver algo agradável, seja um city tour por Recife, uma detalhada visita a Ouro Preto, uma viagem pela Mongólia interior, ou filas no Hopi Hari. Mas os meios... ah, os meios são sempre assustadores. Horários bizarros, guias estranhos e o estranho desejo de organização, que acaba transformando tudo numa grande desorganização. Sem contar no iminente irritante clima de "façamos todos juntos".

O fim da minha excursão era mais que justificável: assistir Brasil x Coreia do Norte, primeiro jogo do time do Dunga na Copa da África. A aventura que eu contei aqui no blog que tinha passado ao sair do mesmo estádio que veria o jogo do Brasil, somado ao fato de que tudo fazia parte do pacote que ganhei, me fizeram seguir todas as instruções passadas pelos guias de turismo, apelidados de "Craques em campo" pela criativíssima equipe das agências de viagem. 

Sim, isso é uma fila para embarque em um avião.

Do ônibus passei pelo aeroporto de Durban, por uma hora de ônibus até um cassino onde o objetivo era fazer com que nós, turistas, movimentássemos o financeiro no local, comendo e jogando. Os atrasos fizeram com que tivéssemos 25 minutos contados para tudo isso, antes de pegar outro ônibus e em mais 40 minutos com Charlie, nosso "esperto" motorista chegamos ao objetivo, o estádio Ellis Park, em Johannesburgo. Tipicamente excursional. 

                                      Excursionistas estão chegaaando, estão chegando os excursionistaaass

Viajar com brasileiros diverte, com paulistas, nem tanto, mas a expectativa pela estréia brasileira fazia até os eleitores de Paulo Maluf simpáticos. Acho que foram os paulistas, inclusive, que inventaram a excursão. Incrível como eles se divertem e tentam divertir os demais. Vuvuzelas, sambas, aplausos para o pouso do piloto, e até um vendedor de bugigangas fizeram parte do vôo 541 que nos levou até a cidade do cotejo. 
Chega-se ao estádio, passa-se o ingresso, ultrapassa-se a roleta. Conheço meu lugar no estádio, perto da orelha do Dunga, já tenho o que fazer se algo der errado.

Eu, o Cristo, e o (G)Ellis Park Stadium

E o mundo se mostra mais frio do que eu imaginei que ele poderia ser. Impressionante. Aí está a razão da lição do Tamagochi. Dois graus negativos, com sensação térmica de -8ºC. E eu me pergunto porque essa tal sensação térmica só piora as coisas, nunca traz uma boa notícia, seja no Rio de Janeiro a 40ºC, seja em Juburg a -2ºC, a sensação térmica sempre aparece para piorar. O frio era frio que dói quando o vento bate na cara, frio que não serve nem pra ver filme e comer pipoca, quanto mais para ver jogo de futebol. Mas como é Copa, 55 mil pessoas tentavam criar um calor humano por ali. A única vantagem é que a cerveja não esquentava, o que tornava esperta a idéia de comprar mais de uma e deixar esfriando embaixo do banco para o segundo tempo. Nessa hora lembro de Gerson, campeão da Copa de 70 e comentarista dos bons da rádio, que diz que a Copa deveria ser sempre no México: quente, pequeno, perto, mesmo fuso, cerveja gelada e todo mundo torce para o Brasil. 

Chega a hora do hino. Emoção? Até teria, se o hino não fosse cortado abruptamente no "Pátria Amada". Quem conhece sabe, hino brasileiro só emociona se chega, no mínimo, a parte da "mãe gentil".

                                                         Hino cortado, Vanusa não ficaria feliz.

O jogo em si é chocho, assim como as comemorações dos gols, seja pelo frio, seja pelo Dunga. 

Impressiona é a vontade brasileira de aparecer na TV. Gente que vai com esse objetivo para o estádio, fantasiadas, com cartazes que clamam por Galvão Bueno. Uma câmera aponta e é o alvoroço, e depois do jogo, é comum a cena de ligações para os entes queridos que ficaram no Brasil, e de lá da África fazem a pergunta básica:
 - Apareci?
Na falta de norte coreanos, foto com os japoneses!

Maravilhado pelo mundo do futebol, só me recordo que ainda sou um excursionista quando o juiz apita. Não precisava nem lembrar, a meia hora de caminhada com o vento na cara, para chegar no ônibus e perceber que nosso querido motorista Charlie tinha sumido, e teríamos que ficar exposto a ira do inverno sul-africano, são suficientes para entrar no clima da cilada novamente. 

Frio que é frio merece cachecol na cara e foto de lado.

O aeroporto é aquecido, mas nada aquece mais o coração do que voltar para a cama do hotel. Pena que isso só vai acontecer as 3h40, mais três horas depois que cheguei no aeroporto, afinal, são as regras da excursão. 

O vôo chega em Durban quase as 5h, e nessa hora Durban também é fria. Como é excursão, tem que se organizar os ônibus, afinal são três hotéis diferentes que hospedam os brasileiros, e cada carro vai para um. Cansados, com frio, de saco cheio de aeroporto, ainda temos o último ato da "organização": um loiro, no maior pique de meio-dia, com o sol nascendo, berrando como se aeroporto fosse estádio e como se não houvesse amanhã no nosso ouvido, apontando para um dos ônibus:

- ONLY SIBAYA! ONLY SIBAYA! ONLY SIBAYA! 

Sibaya, ainda bem era o meu hotel. E "Only Sibaya", pela situação "rir para não chorar", virou bordão nº1 de todo resto da viagem. 

Sentado no último meio de transporte da noite, sonhando com a cama, escuto uma alagoana companheira de excursão definir bem o dia, e transcrevo aqui. Peço que a leitura seja feita com o sotaque alagoano característico:
- Oxe, e eu que pensava que o inferno era quente. Depois de hoje eu já acho que é escolha do Satanás. Pode ser quente, pode ser frio.

Only Sibaya. 

O Lucas Paio, o outro autor desse blog, não satisfeito em morar na China, resolveu também entrar numa excursão pela Mongólia interior. Se você se interessar, ele divulgou no outro blog dele, o Boca de Gafanhoto, em várias partes, e a primeira você confere clicando aqui, a segunda, você procura!


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quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Copa, o Cristiano Ronaldo e o pão arábe quentinho.




Lucas Paio, de Beijing.

Cheguei no Bla Bla Bar, único estabelecimento no campus da BLCU que vende cerveja e passa Copa do Mundo ao mesmo tempo, munido de um pão árabe quentinho comprado no restaurante muçulmano da universidade. Sentei-me à mesinha perto da TV, na área aberta do bar, e pedi cerveja e porção de asinhas de frango. Não tinha mesmo muita opção: os três únicos produtos alimentícios disponíveis no cardápio eram asinha de frango, batata frita e pipoca. Não obstante, o garçom se recusou a deixar que eu comesse meu pão árabe quentinho sentado ali.

- Vou ter que recolher seu pão, e você pega de volta quando for embora.

E ainda apontou para uma placa escrita com giz: “Please don't bring your own drinks and food inside the bar”. Pombas, é claro que eu não vou trazer bebida de fora para um lugar cujo negócio é justamente vender cerveja. E não seria cara-de-pau de trazer um pão árabe quentinho, repousar o traseiro na cadeira em frente à tevê e não pedir nenhum item do cardápio. Fiquei puto, o garçom não tava nem aí, recolheu meu pão e eu só não levantei e fui embora porque o jogo da Argentina com a Coréia de Baixo estava prestes a começar e outros amigos estavam vindo também.

Um deles chegou com uma garrafinha d'água, que foi imediatamente confiscada. Outros vinham com uns biscoitinhos e foram impedidos de entrar enquanto não entregassem a mercadoria. Um grupo de soviéticos apelou com a garçonete e acabaram deixando o recinto. Eu mordia as asinhas de frango com raiva, sem prestar atenção direito no jogo, e quase no final juntei com o amigo da água apreendida e fomos lá procurar o dono do bar.

Ele ficou fingindo que era só um funcionário e nos indicou o gerente pra conversar conosco. Explicamos que aquela proibição ridícula não fazia sentido, que se fossem proibir de levar comida que pelo menos tivessem um cardápio decente, que de qualquer forma estávamos todos bebendo o chopp deles que dá uma ressaca do cacete. O gerente retrucou que poderíamos comer antes e depois vir para o bar. E que sentia muito, mas se estávamos insatisfeitos, melhor irmos a outro bar. Regra era regra. O dono do bar estava do lado dele, tirando chopp da máquina na mocada, e sussurrou que ele nos desse uma garrafinha d'água free. Quando falei que sabia que ele era o dono e não entendia porque ele não queria conversar com os próprios clientes, ele mandou essa:

- Eu tô vendo o jogo, cê não quer ver o jogo não? Depois do jogo a gente conversa.

A Argentina terminou a goleada de 4 a 1 na Coréia e deixou o pessoal satisfeito. Sim, porque embora estejamos na Ásia e mais de 100 mil coreanos vivam em Beijing, a chinesada está torcendo é pros hermanos. Outro dia vi um cara carregando duas camisas argentinas recém-compradas. Messi é unanimidade, e tem até quem ache que o Maradona é “bonitão”. Nosso Brasilzão, cujo principal produto de exportação é o futebol, continua conhecido e admirado, mas na hora que a bola rola, a simpatia do povo tá do lado de lá. Depois do jogo contra a Coréia do Norte, a foto na capa do jornal era do gol da Coréia. Depois dos três a um na Costa do Marfim, a manchete foi para o cartão vermelho do Kaká.


Discutir com dono de bar é bom pra treinar o chinês. Findo o jogo da Argentina, ele apareceu na porta e chamou a gente para um papo. Explicou que os hábitos chineses são diferentes dos ocidentais e eles têm mania de comer macarrão fazendo barulho de sluuuuurp, e isso incomoda outros clientes. Perguntei se alguém já tinha reclamado e ele disse que não. “Então é você que não gosta de ver chinês comendo”, eu quis esclarecer. “Sim. É isso”, ele concordou.

E perguntou: “Vocês querem o quê?”. Poxa, eu só queria poder sentar no boteco, comer meu pão árabe quentinho e beber a cerveja deles enquanto via a Copa do Mundo. Ninguém ali ia ligar pra pizzaria e pedir pra entregar no bar, ou comer um banquete imperial fazendo barulho de sluuuurp. Precisava mesmo botar o garçom pra encher o saco de todo mundo? Ele disse que ia pensar no assunto e, pra encerrar logo o bate-boca, nos presenteou com dois choppões.

Dois dias depois, enquanto a Itália vergonhosamente empatava com os kiwis, os confiscos continuavam, mas o cardápio oferecia três novas opções: hambúrguer de frango, de boi e de presunto. Resolvemos experimentar; afinal, nossas reclamações tinham sido o pivô da novidade.

Veredito: oleoso, chocho e pequeno, foi o pior hambúrguer que já comemos nesses nove meses em Beijing. Fica a questão: será que deveríamos reclamar mais, ou menos?

Gooool do Cê Rô!

Ronaldo, o Gordo, é chamado na China de Luónàěrduō, uma tradução fonética de seu nome original. Já o Ronaldinho Gaúcho não virou uma bizarrice tipo Luónàěrjìníyóu Gáwushuō. Sua alcunha chinesa é um simples Xiǎo Luó. “Luó” é a primeira sílaba de Luónàěrduō, seria o correspondente ao “Ro” de “Ronaldo”. “Xiǎo” é “pequeno”. “Xiǎo Luó”, portanto, é “Pequeno Rô”.

Aí quando apareceu o Cristiano Ronaldo eles devem ter pensado: putz, mais um Ronaldo, como é que a gente faz? A solução: usaram o famigerado Luó e tascaram antes a letra C, em português mesmo, que eles lêem em inglês (“Cí Luó”). Na nossa língua, seria algo como “Cê Rô”. Mais gay que isso, só a pose do C Luó nessa foto aí...


E amanhã tem jogo do Brasil, o terceiro, contra o Portugal do Cê Rô. O umacopadoismundos.com não acompanha o ritmo da Copa, e no próximo post você vê o post sobre o primeiro jogo, Brasil x Coréia do Norte! O interessante é que o Thales estava lá, e você pode conferir em breve aqui como foi ver um jogo com sensação térmica de -8ºC!


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domingo, 20 de junho de 2010

A beleza do (no) estádio. Alemanha x Austrália em Durban!

Minha volta para o Brasil não significa que o blog para. Além do Lucas lá da China, tem o resto das minhas histórias da África (que são muitas e, convenhamos, não é todo dia que se vai pra África, e, estando lá, não se fica a toa suficientemente para alimentar com a frequência desejada o blog) e histórias que eu espero viver aqui com essa Copa na tv HD. 

Para quem reclamou que eu escrevi pouco da África, prometo contar tudo por aqui. E para adiantar, já deixo um post duplo hoje. Primeiro, um vídeo feito no aeroporto de Joanesburgo, que mostra bem como um simples saguão aeroportuário faz parte de todo o clime desse evento incrível chamado Copa do Mundo. Na sequência você lê e vê a beleza que foi Alemanha x Australia, meu segundo jogo na Copa do Mundo.
Como se não bastasse a sorte de estar lá no estilo 0800, de manhã, recebemos a notícia que tínhamos direito a ingressos para o jogo na cidade que estávamos, Durban, e o jogo era Alemanha x Australia. Do Brasil, já havíamos comprado ingressos para esse jogo. Com 4 em mão, e com algumas horas antes do jogo foi relativamente fácil conseguir 240 dólares pelos dois que sobravam. A sorte continua tanto do nosso lado e o mundo é tão pequeno que do nosso lado no estádio sentaram dois brasileiros, o casal Átila e Gisele, e o Átila, assim como eu e meu pai tem Três Corações como cidade natal. Três tricordianos sentados lado a lado em um jogo na África, de Copa do Mundo, só pode vir coisa boa por aí.

O Átila e a Gisele, além disso, vieram e voltaram no mesmo vôo, se hospedaram no mesmo hotel, e uma foto deles se faz justa e necessária aqui, não só pela coincidência, como também pelo bom companheirismo que eles exerceram nesses dez dias de África! E a foto é do dia desse jogo!


Se o Ellis Park, em Joburg, onde vimos a Argentina, era um estádio legal, o Moses Mabdila, em Durban era incrível. Arquitetura sensacional, atrações a toda parte, uma visão incrível do campo, e uma real sensação de ser um desses tão falados "estádios de Copa do Mundo". A temperatura da cerveja deixava a desejar, mas em um jogo com alemães e australianos, o que fica gelado acaba em poucos minutos, é impressionante como bebem, parecem até que nasceram em Minas Gerais.


Impressiona a quantidade de australianos na Copa. Talvez o maior número de torcedores que eu vi, contando estádios e áreas de diversão comum. Incrível como eles saem de lá longe pra ver o time tomar uma sapecada de 4 a 0 para os germanos, parecem até atleticanos. No estádio eram mais de 70%, apesar dos alemães estarem mais animados, não precisa perguntar o porquê. 


O estádio era lindo, o clima era ameno, cerveja na mão e um jogo de Copa por começar. O que mais poderia acontecer? Quando eu digo que três tricordianos seguidos não poderia dar errado...


Eis que nosso lugar, quatro lugares enfileirados, apelidados de "Temptation Island", era cercado por 10 mulheres de cada lado, provavelmente modelos (se não eram, estão perdendo a oportunidadade de ser), todas exibindo cabelos sedosos, olhos claros, decotes e shortinhos dignos de fazer inveja à Carla Perez. 
Era só elas levantarem e os fotógrafos do campo se viravam para a nossa direção, os torcedores de diversos setores vinham pedindo fotos, beijinhos e sorrisos. Um hermano ostentando a camisa da Argentina, pediu uma foto bem no nosso lugar. Levou a foto com um chifrinho brasileiro no meio das australianas de shortinho
.


Quando eu  falo que Três Corações tem futuro...

O jogo também foi bonito, o melhor da Copa até então. Alemanha deixou de quatro as australianas, mas a loira do meu lado, logo que os alemães marcaram o primeiro gol, comemorou como se um Canguru tivesse aberto o placar. Se enganou, a Austrália, ela não sabia, jogava de amarelo. "She is blond", soltou a amiga mais morena do lado dela. 

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

O primeiro jogo. E bem mais que um jogo...


       E chega o momento esperado. Meu primeiro jogo de Copa do Mundo no estádio, pelos caminhos que o destino tomou, foi um jogo da Argentina. 

O post é grande mas vale a pena, leia até o final, é uma baita história.

Não satisfeitos em esperar mais dois dias, quando teria o primeiro jogo em nossa cidade, Durban e na fissurinha por ver um jogo, decidimos, por conta própria, comprar ingressos, passagens e fazer um bate volta para Joanesburgo para ver o terceiro jogo da Copa, Argentina x Nigéria. Torcer contra, e é claro, e deixando o orgulho de lado, ver o Messi jogar. 

O ingresso foi comprado do Brasil na melhor categoria do estádio, a passagem comprada em um dia de promoção, por uma empresa com um nome simpático: Kudulula Airlines. 

Mal sabíamos, e mal sabe você, leitor, que o dia reservaria muito mais que um jogo, muito mais que a primeira peleja in loco em um mundial..O dia 12 de junho de 2010 foi uma aventura que me relembra aventuras de dois anos atrás em uma viagem pela Bolívia. Em uma palavra: perrengue. 

Um táxi suspeito, arranjado por um policial suspeito, na ida, nos deixa a uma distância razoável do estádio.  No caminho, o estádio é cercado por um bairro pobre, e é por lá que caminhamos. Os guias de turismo, de papel e de carne e osso falam com efusão sobre o fato de nunca fazermos o que estamos fazendo ali, andar por aquele lugar. Com medo caminhamos pela vizinhança, que nos recebe com sorrisos e acenos que emociona. Emociona quase o mesmo tanto avistar o estádio. Nigerianos, argentinos e gente de diversas nações que escolheram os sul americanos ou os africanos para o seu one day fan. 

Tooodo empolgado!

Entrar no estádio de Copa pela primeira vez, para mim, foi como a hora da valsa em um baile de 15 anos, isso se eu fosse uma garota, porque, obviamente, não tive o prazer de ser uma debutante. É só uma comparação plausível quando se fala da emoção. O vídeo abaixo mostra o momento da entrada no estádio, a filmagem foi atrapalhado pela mulher dos ingressos, que não entendeu o a imposrtância do momento e me mandou desligar a câmera para saber o meu lugar. 

Além do fato de ser Copa do Mundo, assistir um jogo no estádio de Copa ganha muitos pontos pelo fato de venderem uma cerveja acessível (Budweiser, em garrafinhas pet que parecem de vidro na TV), e pelo telão,  que com uma imagem melhor do que a da TV do quarto, mostra o replay dos lances mais perigosos, excetuando-se os polêmicos para proteger o senhor juiz. 
A arquibancada é bem mais interessante que o jogo. Em lugares separados, meu pai fica no meio de nigerianos. Eu e minha habilidade natural por atrais histórias de buteco, fico entre os torcedores do Emirados Arábes Unidos, especificamente de Abu Dhabi, executivos da cia aérea Emirates. O papo é legal, e ele insiste que eu tenho que conhecer Abu Dhabi e suas maravilhas, o novo mundo, diz ele. Faltou um pouquinho de cara de pau para pedir uma passagem e sete noites de hospedagem em um hotel que ele provavelmente tem. Mas ele pediu meu telefone, e me deu o celular para digitar. Cada número que eu digitava mostrava o correspondente em arábe, comecei a rir de não entender nada e em pensar como o mundo é diferente.
Meu pai e seu amigo nigeriano!
Eu e a tchurma de Abu Dhabi!

          O jogo termina, a Argentina ganha, e a voz da experiência paterna diz que vamos ter problemas para sairmos do estádio e pegar um táxi para o aeroporto. Não acredito muito, afinal, é Copa do Mundo e pergunto aos policiais que sempre nos orientam com a mais simples das instruções: reto! Chegando a uma avenida movimentada, bem parecida com aquelas ruas da parte xexelenta do centro blorizontino, o trânsito é caótico e nenhum táxi livre aparece. Depois de uma meia hora já com o desespero batendo em sua porta, somos abordados por um sulafricano, que entende português por ter morado por dois anos em São Paulo e nos dá uma mãozinha, dando as más notícias. Quando compramos a passagem vimos que chegariamos por um aeroporto (o O.R. Tambo, principal) e voltaríamos por outro (o Lanseria, que é tipo um Pampulha). O amigo da rua nos informa que estamos longe, muito longe, que demoraria 1 hora até o Lanseria e que táxi era difícil. Mostrou-nos um hotel, falou para entrarmos lá e pedirmos um táxi. 

O estabelecimento em questão era uma mistura de hotel, com pub, com restaurante e nada me surpreenderia se alguma atividade mais rolasse por lá. Adentramos a recepção, que parece ser também o caixa do restaurante, e esperamos para falar com alguém. Antes, meu pai da uma olhada no menu em cima do balcão, e está escrito, em bom português, no meio da Avenida Paraná de Johanesburgo: "Pudim de Caramelo". O resto do cardápio em inglês, com todos os mesmos produtos que usualmente estão lá, cheios de curry e pimenta. O tal do "Pudim de Caramelo" avulso é um dos mistérios que deixo mal resolvidos na África do Sul. 

Os donos do estabelecimento se solidarizam, e mandam o porteiro que controla a multidão que chega no multiestabelecimento nos ajudar. Ele faz umas dez ligações, deixa a portaria pra lá, e sai correndo em busca de um táxi. Quinze minutos de insucesso me fazem sair para fora, me jogar na multidão e também tentar um táxi por conta própria. Deixo o meu pai lá dentro, protegido, agasalhado e sem precisar se preocupar. Eis que no meio da procura, a luz apaga, no hotel e em toda a avenida xexelenta, blecaute na África. Álém do escuro, meu pai ficou preso dentro do hotel, já que o portão dependia da tal da eletricidade. Não sei bem como ele saiu de lá, mas foi um tempo depois, assim que entrei em um táxi livre, feio, sujo e mal cuidado que apareceu na avenida como uma miragem sob meus olhos. 

Combinada a corrida com o motorista, 1 hora até lá, ficaria cara, 500 rands, cerca de R$120. Ele liga (e conversa em zulu, a língua que quase todos os locais aqui conversam e que é tão clara para mim quanto o chinês) para o irmão, para saber onde é o tal aeroporto alternativo, parece entender o caminho, e tudo parece resolvido. E é aí que somos surpreendidos novamente. 

Depois de 50 minutos de viagem avistamos a primeira placa que indica o caminho para o aerooporto Lanseria. O nosso querido taxista, que não fala inglês direito, segue outro caminho, mas o sono, o cansaço e a bobice nos fazem ficar quieto, na certeza que o nativo sabe o que está fazendo. Quinze minutos depois estamos em uma estrada, escura, sem ninguém, e com placas que indicam o caminho para outro estádio da Copa, em Pretória, outra cidade sede! Aí pergunto, e ele fala o esperado, que está perdido. Ele desce do carro no meio do nada, pergunta pra alguém e volta o caminho. Se perde de novo, para em um posto, segue por outro caminho e se perde de novo. Isso se repete mais três vezes, até que eu consigo entender que ele simplesmente não consegue seguir as instruções que são passadas para ele, eu, em zulu, nem entendo quais são essas instruções. Começa com F e terminas com O como estávamos nos sentindo.

O desespero é tanto que no horizonte começamos a avistar aviões imaginários decolando, como se pudéssemos achar o Lanseria pelo céu.

O jeito é rezar. Mas ao invés disso andamos a esmo e procuramos uma placa, uma salvação. Com mais uns 20 minutos achamos uma placa que indica o caminho, o motorista só ve quando falamos e faz uma curva que nos põe no in the right way. Na segunda placa que encontramos, uns dez minutos depois percebo que o motô não segue as placas simpleesmente porque não sabe ler. Na beleza desse momento, cabeças para fora para procurar placas, já que só depende de nós. O aeroporto é isolado, no meio do nada mesmo, e as placas demoram a aparecer. Por fim, uma escolha, esquerda ou direita, e nenhuma placa pra indicar, o analfabetismo, nesse momento, não importava. Assim paramos um caminhão no meio da estrada, em um breu digno de atropelamento, que nos indica onde ir, indicando o caminho da glória!

São e salvos e no horário, depois de 2 horas e meia dentro do táxi, fazemos o check in como se estivéssemos conquistado a nossa própria Copa do Mundo. E tem gente que me acha sem senso de direção...

É minha última noite aqui na África! Amanha 7h35 estou voltando as terras tupiniquins! As histórias aqui da África são muitas e continuarão a ser contadas diariamente aqui no blog! Alemanha x Austrália, Brasil x Coréia do Norte, Espanha x Suiça e muito mais em breve por aqui! Além de histórias diretamente aí do Brasil, afinal, a Copa não para. Aliás, quem vai me convidar para o churrasco de Brasil x Costa do Marfim? Levo a vuvuzela!



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E lá se foi a primeira rodada...

Lucas Paio, de Beijing.





  • Assisti à goleada da Alemanha junto com alemãs, a cagada do goleiro inglês junto com ingleses, e a vitória da Coréia do Sul sobre a fraca seleção grega junto com um coreano. Todos estavam muito empolgados, com exceção do coreano, que estava pendurando suas roupas lavadas quando viu que a Coréia marcou um gol e disse apenas: "Olha. Beleza."

  • Ver jogo às 19h30: ótimo. Às 22h: bom também. Às 2h30 da manhã: haja disposição. Pesquei o jogo do Brasil inteiro. E quando as partidas terminam, lá pras 4h20, o céu pequinês já está começando a clarear.

  • A namorada chinesa do meu amigo belga nunca foi fã de futebol, mas como ele quer ver a Copa toda, ela acabou se interessando também. Outro dia ela até me perguntou: "E a China, joga que dia?". Hmm, talvez na próxima Copa, fia...

  • Perguntei à minha professora pra qual time ela está torcendo e ela disse que gosta da Inglaterra, da Espanha e da França. "Qidanei!", disse ela, referindo-se ao aposentado Zinedine Zidane. E pra se fazer entender melhor, fez a mímica de uma cabeçada!...

  • A Seleção Brasileira ainda não convenceu nem aí nem na China. Olha a primeira página de um jornal esportivo de Beijing: gooooool da Coréia do Norte!!



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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Once in a lifetime.


11 de junho de 2010, abertura da Copa do Mundo, África do Sul x México.
 E a vuvuzela que toca na janela do hotel as 6h da manhã é o aviso inicial. A TV, ligada após um café em que todos os garçons perguntavam o porquê da ausência de Ronaldinho, anunciava: "Once in a lifetime", slogan da Supersports, canal de TV que se desdobra para mostrar todos os detalhes da competição. Uma mistura de MTV com ESPN Brasil. Era um dia especial, e eu no lugar mais especial que poderia estar. Once in a lifetime.

Seis horas antes do jogo, uma caminhada na praia deu o tom do dia. Todos de verdeamarelo, com vuvuzelas, e gritando palavras de incentivo aos Bafana Bafana. A estrutura montada é incrivel. Cerveja, telões, espaços na areia, que em poucas horas estarão tomadas por seres que falam 11 diferentes línguas, torcendo pela mesma seleção de habilidade, convenhamos, duvidosa.

Uma cerveja gelada, uma TV de LCD, e uma picanha acompanhada das apimentadas batatas sul africanas são suficientes para trocarmos a praia por algumas horas em um bar à beira mar, onde o Oceano Indico parece desinteressante se comparado com a grande movimentação de sul-africanos entrando e formando a tal da multidão. De 13h até a hora do jogo, 16h, não existe um momento em que um sul-africano e sua vuvuzela não entram na estrutura praiana montada pela FIFA, apelidada de Fan Fest.

Na hora do jogo, no mesmo lugar, vejo a multidão formada, pronta e ansiosa. Vinte mil sul africanos se apertam na praia, reunidos, com bandeiras, vuvuzelas e esperenças. O bar também lota. Do meu lado, as cadeiras vazias são ocupadas por um casal. Ele, do Congo, apaixonou-se por uma zulu e veio morar na África do Sul. Pela proximidade com Moçambique, arranha umas palavras em português. Dividir a mesa de um boteco com um congolês, once in a life time.

Catarse coletiva: é a expressão que substituo no meu texto para "começa o jogo". Todo lance é nervoso, me contagio e torço para os Bafana Bafana como se eles vestissem preto e branco e tivessem uma estrela solitária no peito.

Catarse coletiva: é a expressão que eu substituo para "gol da África do Sul". São minutos e minutos da mais pura felicidade. Para mim e para os outros. Danças, cantos, sorrisos, abraços. Entoam juntos, os do bar, os da praia, os dos prédios. Uma canção chamada Shosholoza que dá arrepios. Se fosse qualquer um procurava no Youtube logo após ler esse texto e imaginava como é uma multidão cantando.

Se até então, no mesmo dia, já havia conseguido entender o significado de "Catarse coletiva" e de "felicidade" é neste momento, talvez pela primeira vez na vida, que consigo entender, apesar de não conseguir explicar, o sentido do futebol. É como achar a batida perfeita, é perceber que mais que um esporte, futebol é capaz de conectar as pessoas, e isso já basta.

Sentir essa explicação banal, é outra história, nada banal.

A mão vai no bolso e percebe que a câmera ficou esquecida no hotel. Como não poderei fotografar esse momento? É tão bonito que já está fotografado, pena que não posso mostrar para ninguém, mas de nada adiantaria, já que sentimentos raramente aparecem em fotos.

Sim, e o México empatou. E isso pouco importa. O dia 11 de Junho fica marcado pela comprovação da veracidade de uma frase que uso de cabeceira para todos meus trabalhos. Nelson Rodrigues percebeu o sentido bem antes de mim e proferiu, com uma certeza que consigo ter agora, que "triste, no futebol, é quem enxerga somente a bola".

Uma vez na vida.


Quem acertou no post passado a foto com a camisa foi a Clarice! Uma vuvuzela embarcará para ela! A camisa era do glorioso Atlético Clube de Três Corações!
Amanhã vou no jogo do Brasil, em Joburg, estou de frente para as cameras de TV, no nível mais baixo do campo, estarei vestido com uma camisa preta da FOGOHORIZONTE, jaqueta azul, uma camisa do Brasil em uma mão e uma vuvuzela verde na outra! Quem me achar ganha um tchauzinho!

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sábado, 12 de junho de 2010

Cansado na África, passando a bola pra Ásia.

Três da manhã aqui na África do Sul, e apesar de querer, não tenho forças pra escrever mais do que essas linhas. Deixo vocês então, com uma foto de hoje, minha estréia em Copas do Mundo, Argentina 1x0 Nigéria, e com o melhor de tudo, um texto do Lucas, da China, sobre como ele viu a abertura lá em Beijing.
Em breve, darei palavras aos sentimentos da abertura e do meu primeiro jogo aqui na África. Amanhã, o jogo mais cervejeiro de todos, e eu vou: Alemanha x Australia.

Cerveja e Vuvuzela na mão, quem adivinhar que camisa é essa primeiro, ganha uma vuvuzela.

Lucas Paio, de Beijing.



A revista Super Interessante de fevereiro de 2010 trzia uma matéria sobre a África do Sul que começava assim: "Quem assistir TV na manhã de 11 de junho deve esbarrar na abertura da Copa. Conforme o protocolo, haverá tomadas aéreas do estádio lotado, coreografias folclóricas envolvendo bolas, torcida fantasiada e, após a festa, um jogo em que o anfitrião passa sufoco (para o bolão: África do Sul 2 x 2 México)". Quando a partida estava prestes a começar e eu precisava anotar meu chute na folha de papel, lembrei-me da reportagem e arrisquei o dois a dois. Acertei o empate, mas os 90 yuans do bolão (10 por pessoa) foram pra alemã que cravou o um a um na pinta.

Assisti ao jogo de abertura da Copa do Mundo 2010 em casa, em companhia de nacionalidades tão sortidas quanto as do grupo G da Seleção Canarinho. Eram quatro chineses (três deles estudantes de espanhol), duas alemãs, dois belgas, um espanhol, uma italiana, dois ingleses nascidos na Índia, uma catarinense, um baiano e eu. No bolão, só um dos ingleses apostou nos africanos, mas faltou um gol dos Bafana Bafana para que seus 2 a 1 se concretizassem. O espanhol chegou a apostar ousados 4 a 1 no México, declarando que "nós ensinamos tudo a eles". Mas quando Tshabalala abriu o placar com um tiro certeiro no canto do gol, mesmo os que botavam dinheiro nos conterrâneos do Chapolin comemoraram: o time anfitrião sempre desperta simpatia.

A CCTV, maior rede de televisão da China, tem seu canal 5 dedicado aos esportes e, em tempos de Copa, não mostra outra coisa. Desde as 2 da tarde os apresentadores já se revezavam com reportagens, palpites, curiosidades e conversa fiada, e uma contagem regressiva no canto da tela informava: faltam oito horas. Na hora agá, quando estávamos todos reunidos para o espetáculo ludopédico, o canal começou a dar problema: quanto mais alto o narrador falasse, pior ficava a imagem. Ou seja: nas jogadas mais empolgantes, não conseguíamos ver bulhufas. Só no segundo tempo descobrimos como resolver o problema: a boa e velha porrada no televisor.



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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Futebol com Gergelim

Lucas Paio, de Beijing

Ame ou odeie muito tudo isso, o fato é que a galera do McDonald's chinês não ignora eventos mundiais e, semanas antes da Copa, já tinha decoração temática em suas unidades pequinesas. Só não entendi porque o papel da bandeja, que tinha a tabela com todos os jogos da primeira fase, foi substituída por outro mais neutro logo quando o campeonato está pra começar. Falta de visão. De qualquer forma, captei algumas imagens na lanchonete aqui da esquina. Confira:



Pra trabalhar no Méqui Donalde, não se pode temer o ridículo: durante a Copa, os motoboys das lanchonetes ostentam com orgulho em seu crânio esses garbosos capacetes de bola de futebol.


Se botar debaixo do braço, dá até pra fingir que tá indo jogar uma partidinha.


As moças do balcão, por sua vez, ganharam camisa com uma reluzente taça estampada. (Agora, não me perguntem que cazzo é esse bicho azul sorridente pendurado no ombro dela.)



Durante o Mundial, lanches supostamente "sul-africanos" integram o cardápio. Detalhe para a bandeirinha da África do Sul espetada no pedaço de frango à direita.



Copos Coca-Cola/McDonald's com a logo da Copa e silhuetas de jogadores nas mais diversas posições: cabeçeando, espalmando, bicicletando, embaixadando. Aqui em casa já temos dois!


As taças do mundo são nossas: disposta a atrair a clientela fanática, esse bar em Xian botou foi logo um monte de taças gigantes na entrada.



Thales Machado, de Durban.

O dia hoje foi tão especial, que vale um post mais trabalhado, um bom texto que só escreverei se tiver tempo por aqui ou na volta ao Brasil. É sobre o África do Sul 1x1 México hoje, visto na praia em Durban, junto com 20 mil pessoas de todas as partes do mundo, com destaque de quantidade e qualidade para os sul-africanos!
Amanhã, meu primeiro jogo de Copa in loco, Argentina x Nigéria, em Joanesburgo. 
Vocês leitores, peço que entrem aqui sempre que puderem, principalmente essa semana, devo tentar por um post por dias, dos meus dias da África!  



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Blow it!

E ontem era para ser o último dia sem futebol. Fizemos um safári que durou todo o dia, portanto, nada a ver com futebol, nada a ver com o blog, nada para postar. Ledo engano quando se está no país de futebol, ao menos nesse próximo mês.

À noite, saímos para uma pequena vila próxima ao hotel, chamada Usmlanga. Em um pub, fomos premiados com cervejas grátis apenas por ter nascido na terra tupiniquim. Além de responder o porquê de o Ronaldinho não estar na Copa, fomos convidados a ter o contato com a Vuvuzela, principal figura da Copa 2010. Mais impressionante que o barulho ensurdecedor que ela faz é o quanto ela é importante para os sulafricanos. Parece ser o símbolo do apoio dos torcedores a sua seleção, aos Bafana Bafana. E não é só soprar, é difícil, uns conseguem, outros não. O resultado você vê abaixo!


Pra não falarem que eu só falo de futebol, aí está uma foto do trânsito sul-africano, ontem.




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