quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Nascido e criado blog, o "Uma Copa Dois Mundos" virou livro.


Caro leitor, esse blog já tem um ponto final. Isso, claro não impede você de ler tudo que está por aqui, tin tin por tin tin. Mas saiba também que já existe a versão livro do "Uma Copa Dois Mundos", tem tudo que está aqui, além de textos inéditos. Escolha sua mídia e prepare: a Copa 2010 vai começar de novo. 

Cover_front_medium
Isso mesmo! O blog revive para divulgar que o "Uma Copa, Dois Mundos", agora é livro. 


Do blog www.umacopadoismundos.com, escrito a quatro mãos durante a Copa do Mundo, vieram as crônicas deste livro, que traz ainda alguns textos inéditos. Entre partidas, bolões, vuvuzelas, perrengues, dificuldades de comunicação e muitas alegrias, você vai descobrir que assistir a uma Copa é uma maneira incrível de se ver o mundo.

O livro está à venda exclusivamente pela internet, no link escrito à cima. Compre! Se quiser, obviamente... É o melhor presente para o Dia das Crianças, Natal, Aniversário... Ou só para ficar na cabeceira mesmo. 

 Vou fazer uma compra grande de exemplares do livro nessa Sexta-Feira, dia 10. Quem quiser um exemplar do livro é só responder esse e-mail, separar R$29,90 para me dar, e eu compro o livro junto com os outros e entrego. Só para quem está em BH. É bom que não precisa pagar frete, nem ficar esperando chegar! Dependendo da quantidade pode até ficar mais barato. Compra coletiva! Respondam até Sexta de manhã e comprem! Contato: thalescmachado@gmail.com


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sábado, 17 de julho de 2010

Apito final.

Thales Machado, de Belo Horizonte - Brasil, e Lucas Paio, de Beijing - China




Thales Machado, de BH
Muita coisa acontece de 4 em 4 anos. Mas é impressionante o quão um mês de Copa é produtivo. Talvez não na noção de produtivo ao se pensar a labuta, o desenvolvimento pessoal e egoísta, ou mesmo o ganho de capital. O mês de Copa é produtivo porque passa rápido. Traz informações inúteis que fazem o mês e a Copa passar, seja ganhando como a Espanha, seja perdendo como o Brasil, seja nem participando como a China.

Percebe-se o quanto eu gosto dessa coisa toda. E ao botar um ponto final nesse texto, o último do blog, vai ser o fechamento de um ciclo. A Copa acaba pra mim.. Volto ao que os burocratas chamam de realidade, passo a me preocupar exclusivamente com o Botafogo e com a necessidade de me empregar. E a planejar como viverei 2014, de preferência, rico.

Lucas Paio, de Beijing
Em 86, eu ainda não sabia falar e nem gritar gooool. Em 90, só me lembro do Amarelinho sambando na tela do SBT. Em 94, colecionei o álbum de figurinhas, me lembro de todos os jogos do Brasil, da cotovelada do Leonardo do Tab Ramos, da voz roufenha do Galvão gritando é tetra, é tetra. Em 98, torci com esperança até a desastrada final. Em 2002, era a época de acordar de madrugada e faltar à aula de manhã. Em 2006, trabalhei durante a maioria das partidas, mas da janela podia espiar a TV na cozinha e curtir ao menos os replays.

2010 marcou a primeira vez que vi a Copa num país estrangeiro. Em território neutro, lar de uma seleção que só participou uma vez na História, mas em companhia de amigos, conhecidos e avulsos de todos os continentes. Notando a decepção genuína no rosto dos nigerianos que perdem a vaga para as oitavas, ou a alegria autêntica das alemãs ao final de mais uma goleada. Fazendo de Sanlitun uma filial tupiniquim na China, uma Brasiltown mais barulhenta e agitada do que as dúzias de Chinatown espalhadas por aí. Vivendo uma Copa que, afinal, não é só da gente ou do vizinho rival, mas de todo esse Mundão Véio Sem Porteira.

Thales
O dia da final da Copa é daqueles que você acorda, e na espreguiçada inicial já se recorda que é dia de final. Assim foi na manhã de 11 de julho. O sol latente me lembra que não existe inverno de dia aqui no Brasil: impressionantemente, em julho, bermuda e sandália compõem o meu figurino para a peleja decisiva. Como não é Brasil, não é Uruguai e não é África do Sul, a camisa não é roja nem laranja, é neutra: boto uma com o símbolo da Copa que adquiri mediante pagamento lá na África para celebrar o dia. Como, além de fim de Copa, o 11/7 é um dia especial no meu calendário de afeições particulares, saio para um belo almoço de Domingo. Nas saídas pelas ruas belorizontinas nessa manhã de final de Copa, nada demais. Um Atlético-MG x Grêmio Prudente faz mais barulho em BH do que um Espanha x Holanda. Só escuto, quando passo no supermercado, a caixa fazendo sua análise fundada no racionalismo futebolesco "vai dar Espanha, o polvo falou, mas não é porque ele adivinha. É que agora que ele falou os holandeses estão com o psicológico balançado". Será? Juro que me pergunto.

Um blog sobre a Copa sem uma foto do Polvo Paúl não é um blog sobre a Copa.
Lucas
Enquanto o onze de julho começa a nascer no Brasil, na China já passou da terceira idade. O jantar é ao ar livre, hot pot cheio de boi, carneiro, peixe, camarão. Mesa cheia, muitos amigos, nenhum espanhol ou holandês, mas a maioria quer assistir à final, afinal. O horário é que não ajuda. Se na primeira fase eram três jogos pro dia, às 19h30, 22h e 2h30, agora só às 2h30, terminando literalmente de manhã. A chuva chove mas não molha muito; voltamos para casa mantendo o plano inicial de nos encontrarmos às duas para ir ao Bla-Bla-Bar, sempre ele, ver os momentos derradeiros do Mundial 2010. Às duas e dez, recebo uma mensagem do Joe, inglês: “acho que vou ficar em casa mesmo”. Ligo pro Laurens, belga, e não há resposta. Desisto de andar vinte minutos pra ver o jogo sozinho e cambaleio até a sala.

Thales
Três e meia da tarde e o apito inicial é ouvido no Soccer City. Se minha Copa começou em uma cadeira de bar à beira do Oceano Índico, passou pelas cadeiras do Ellis Park em Johanesburgo, do Moses Mabhida em Durban, ela termina aqui, sentado na confortável cadeira do papai, comprada para a Copa do Mundo, em frente à TV comprada com o mesmo fim. Penso onde e como estaria o Lucas no momento em que tenho que fechar a persiana da sala porque o Sol atrapalha a visão da TV.

Poltrona ou "cadeira do papai", conforto para a Copa.
Lucas
Lembro da partida de abertura da Copa, África do Sul 1 x 1 México, quinze pessoas se acotovelando para ver o jogo na televisão que dá problema, todas esperançosas com suas próprias seleções. Um mês depois, já foram todos, meu Brasil, a Alemanha da Tina e da Heike, a Inglaterra do Tom e do Joe, a Coréia do Dave e dos meus colegas de classe, o Portugal do André e da Vera, a Itália da Martina e de mais uma multidão, a Austrália do Michael e do Jules, a Dinamarca do Mika, o Japão da Emina, a Nigéria do Henry e do Charles. São 2h30 da manhã e eu começo o jogo morrendo de sono no sofá da sala.

Thales
A impressão inicial é que a Espanha vai ganhar. Fico, de certa forma, feliz por isso. Não é a final que eu queria, nem mesmo a final que eu queria se o Brasil não estivesse lá. Queria é torcer para alguém. Mas já no início do jogo, com a Espanha um pouquinho melhor, me recordo que vi o primeiro jogo da Espanha no estádio, contra a Suíça, em Durban. "Uau, que legal, vi o primeiro jogo da campeã", reflito. Mas logo após me pergunto se isso é realmente legal, afinal, foi o único jogo que os espanhóis perderam, 1 a 0, gol de um suíço que duvidosamente atende pela alcunha de Gelson Fernandes. Na dúvida se é legal ou não, concluo pelo sim, afinal é a primeira vez que um campeão começa a Copa perdendo um jogo, portanto, concluo que foi um jogo histórico e que é bacana ter ido e ter o ingresso guardado.

Ingresso do jogo "histórico". Será que vale dinheiro daqui a 40 anos?

Lucas
Espanha ou Holanda? Me recuso a torcer pelos laranjas que nos eliminaram. Mas a Espanha é como a Argentina era até uma semana atrás, o hype do momento, todo mundo veste a camisa, todo mundo diz que gosta. Quer saber? Torço mesmo é pro polvo terminar invicto, com 8 acertos em 8. (Oito? Octopus? Eita...)

Thales
Futebol é tão incrível que você se diverte se irritando. É incrível. Durante os 90 minutos iniciais me irrito com o 0 a 0, com a violência praticada pelos Países Baixos, com a minha indecisão entre assistir na Globo ou na ESPN, com os gols perdidos sejá lá por quem for, com o Dunga, e com o Galvão Bueno quando ele resolve pronunciar o nome do zagueiro espanhol "Carles Puyol".

Fim de jogo, teremos prorrogação. O meu medo de um 0 a 0 sem sal com pênaltis sem graça aumenta, e me pergunto se não dá pra declarar os dois vice-campeões e o polvo campeão.

Lucas
Uma final chocha que se estende além da conta. Vou fazer o quê? Lutar contra o sono que me puxa de volta para o repouso cada vez que tento levantar a cabeça? Coloco o alarme do celular para daqui a dez minutos e é assim que vejo todo o segundo tempo e a prorrogação, no soneca, acordando a cada dez minutos só pra constatar que o placar segue no zero a zero. Dormindo, sonho que o jogo foi pros pênaltis.

Thales
Já chega a noite quando começa a prorrogar. Galvão faz as mesmas perguntas, Arnaldo responde as mesmas respostas. O jogo melhor, e de fato, percebe-se que a Copa irá para a terra de Alejandro Sanz. No meio do jogo, meu pai apareceu, expulsando-me da cadeira do papai e me relegando a um reles sofá. É de lá, marrom, dois lugares, ambos preenchidos, ângulo reto para a TV, acompanhado por um edredon que protege do frio que chega para falar que é Julho e que inverno ainda existe, que vejo Andrés Iniesta fazer aquilo que se não pode ser chamado de "gol do título", nada mais poderá. Nenhum grito, nenhum foguete, nenhuma saudosa vuvuzela. Só um sorriso no meu rosto, já que o poeta já dizia que "não precisa ser de placa eu quero ver gol". Não precisava ser de placa, e não podia ser de pênalti. Espanha campeã mundial.

Lucas
Já é de manhã há muito tempo. É verão na China: o sol se vai às oito da noite, e volta às quatro da manhã. Agora já são quase cinco. Acordo com o soneca do celular e me assusto com o placar: um a zero, finalzinho da prorrogação. Perdi o gol do título por um alarme mal calculado. Levanto, esfrego os olhos e acompanho os últimos segundos, dois times chorando, um com a vitória inédita, outro com o terceiro vice-campeonato. A sensação é de vazio, nada de Copa por longos quatro anos, mas também de alívio: chega de acordar de madrugada pra ver futebol. Na próxima Copa, quero meu fuso horário de volta.

O sono ainda permite uma foto do campeão. CCTV - China.

Thales
No primeiro post aqui do blog, falei que o blog duraria até o momento que um dos mais de 700 jogadores convocados por suas pátrias levantasse a Taça Fifa em cima de sua cabeça. E Iker Casillas, goleiro e namorado da repórter, o faz. Está evidente na TV: a festa acabou. Ainda me libero para mais um paragráfo e um videozinho final, afinal, um longo e tenebroso inverno de 1000 dias sem Copa nos aguarda.

O vídeo é um resumo de toda a Copa do Uma Copa, dois Mundos. Terminando aqui nesse post, é legal, dar o play é uma boa maneira de se distrair por 5 minutos.


Lucas
O convite do Thales para escrever um blog a quatro mãos. O pré-Copa, a expectativa, as apostas. A partida de abertura lá em casa, muita gente, um bolão que eu perco, pra variar. O frango do Green, a estréia morna contra os norte-coreanos, a chinesa que não curtia futebol e vira torcedora. A waka waka da Shakira que toca a cada intervalo, música chata, gruda na cabeça. As mesas ao ar livre no Bla-Bla-Bar, as discussões com o dono escroto, a multidão torcendo contra o Brasil, mas ganhamos da Costa do Marfim assim mesmo, toma, moçada. A namorada e a amiga alemãs que quase morrem a cada jogo e gritam “scheisse!” a cada passe errado. A italianada triste com o time que não avança, o resto do mundo feliz com a França que também vai cedo. A fé cega no polvo, que acerta uma, acerta duas, acerta oito, só faltou gritar ah, eu sou molusco! O Brasil não toma jeito, e toma gol, tchau, Dunga, foi ruim enquanto durou. A festa argentina termina também, tchau, Maradona, morro de dó. A Alemanha que perde para o polvo mas ganha da Celeste, terceiro lugar de novo, final dormindo no sofá, o gol que eu não vi, uma Copa que eu curti pacas.

Thales
A promoção, a notícia que venci, e ir buscar o prêmio em Campinas. A viagem, a chegada, o hotel à beira do Oceano Índico. Safári, passeio por Durban, gol do Tshabalala, África do Sul. Ida a Joburg, jogo da Argentina, taxista maluco. Alemanha x Austrália, 4 gols. Histórias e histórias. A vuvuzela que domina os estádios, a minha vuvuzela. Brasil jogando contra a Coréia, frio abaixo de zero, ver o jogo que ficou pra História como a primeira vez que um campeão é derrotado no primeiro jogo. A volta para casa, a inércia da África do Sul. Os jogos do Brasil em família, os erros de arbitragem, o pé frio do Mick Jagger, o golaço do Tevez, o bom 3 a 0 no Chile, o Uruguai que não pára, o Paraguai que não pára e ainda leva o celular no meio dos seios fartos. Um dia incrível: o Brasil sai, tristeza, o Uruguai ganha o jogo mais incrível da Copa com uma cavadinha sensacional de Loco Abreu que relembra momentos de felicidade. A Argentina sai, e que time tem essa Alemanha. Quase que dá para o Paraguai. Uruguai desde criancinha e de novo, quase que dá para o Uruguai. O polvo, que acerta e a Alemanha sai. Que jogo na decisão do 3º lugar, e o polvo acerta. O fim, a final, o polvo acerta, gol do Iniesta. Que Espanha, que polvo! Que Copa.

E quem há de discordar que Copa do Mundo é uma ótima maneira de ver o tempo passar?

Apito final. Aqui não tem prorrogação.




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sábado, 10 de julho de 2010

Ser brasileiro na África do Sul é...

Brasileiros, brazucas, samba boys, canarinhos. Denominações do futebolês para os nascidos em território tupiniquim. Qualidade necessária para um tratamento peculiar no país de Mandela, ainda mais em clima de Copa. Ser brasileiro na África do Sul é...


* É responder a todo momento o porquê de Ronaldinho Gaúcho e Adriano não terem ido a Copa. O Ronaldo, até lá, eles sabem que tá gordo.

É certeiro. A cada dois por três que te descobre brasileiro faz a pergunta, e as respostas são simples, mas nunca simplesmente aceitas pelos sul-africanos que exigem a presença do dentuço e do amigo do traficante no torneio. É tão impressionante que após o perrengue no táxi contado no post "O primeiro jogo", cheguei ao aeroporto de Lanseria, um aeroporto de tons rurais em Johanesburg. Passo pelo detector de metais, e minha mochila pelo raio-X. A moça pede para abrir a mochila, e o senhor que abre as mochilas suspeitas me acompanha até a mesinha de abrir mochilas suspeitas. Me surpreendo e temo que algo está acontecendo quando vejo que TODOS os funcionários da função detector de metais/raio x nos acompanham e passam a olha minha humilde e inocente bagagem. Incrívelmente, eles falam que não estão acostumados a ver brasileiros por lá, e gostam muito do país, por isso me pararam. Passam a perguntar tudo sobre o Brasil, se eu acho que vai ganhar, se eu sei sambar, se eu tenho um pandeiro na mochila. Parece que viram a agulha no palheiro quando encontram meu cachecol do Brasil dentro da mochila, se empolgam, querem tirar fotos. Quando acham moedinhas de real espalhadas dentro se empolgam novamente. Perguntam quanto vale em rands, moeda local. Deixo para trás os agentes da segurança aeroportuária, presenteando cada um com uma moeda de 10 centavos, e ensinando-os a falar "Seja benvindo ao aeroporto" em português. Resultado: felicidade geral da nação.

Logo após o ocorrido fui ao banheiro da sala de embarque lavar as mão de uma tinta para o rosto que impregnava minha mão. Sou surpreendido pelo único funcionário do sexo masculino que ganhou a moedinha vindo perguntar porque diabos o Gaúcho e o Adriano não estavam na África. Depois de 15 minutos de uma boa discussão futebolística, quase já o tinha convencido do porquê, um outro sul-africano que estava no banheiro trancado em seu troninho individual sai, e depois de escutar toda a conversa pergunta:
- Ok. Mas e o Pato!? Qual o motivo de não levar o Pato?
Chego a conclusão que eles seriam melhores técnicos que o nosso treinador. No fim, eles ainda citam os "young boys" do Santos que viram pela TV. E ficam surpresos de eu achar que o Brasil não vai ganhar. Pergunto:
- Mas o que leva você a achar que um time sem Ronaldinho, os "young boys", Pato e com Felipe Melo e Dunga vai ganhar?
- Simples, vocês sempre ganham. 
Será?

A história foi grande, mas lembram do título? Continuando...

* É estar em um barco observando o pôr do sol, águias, crocodilos e hipopótamos quando de repente, é  abordado por uma tia que indaga a sua nacionalidade. Já que vim de terras tupiniquins, ela diz que torce para o Brasil logo depois que os Bafana Bafana forem eliminados, e por esse motivo, como se eu fosse um ator global, ela quer tirar uma foto comigo para mostrar para as amigas que encontrou um brasileiro!

Será que ela vai falar que sou ator de novelas?

* É estar perto de nigerianos muito loucos em um Argentina x Nigéria, ao saber que você é brasileiro, ele comemora, e como se fosse um gol mostra a camisa que está por baixo:

100% capoeira e toque amazonas. Que diabos é isso?

* É responder mais de uma vez se a gente mora na "City of God".

* É ser criativo sem medo de ser feliz.


* É ter exemplos do "ser prestativo". 18h em Durban, já escuro, acabou de acabar a peleja entre espanhóis e suiços. Em meio a suiços que não se aguentam de felicidade por terem ganho da favorita, pergunto a um rapaz identificado como voluntário como faço para chegar em tal bar, na beira da praia. Ele, a lá google maps, me diz que são 3,5km e pergunta se quero ir a pé ou de táxi. Escolho a primeira opção e peço o caminho. Ele simplesmente diz que vai nos acompanhar pelos 3,5km até lá! Falo que não é preciso, e ele diz que irá, porque somos brasileiros e o filho dele ficará imensamente feliz se ele voltar para casa e disser que pode caminhar e conversar com gente que veio do Brasil! Hebe diria, "gracinha". Ao chegar no local, tento dar uma gorjeta que é refutada, tento chamar para tomar uma ou comer algo, novamente refutado. Mas não da 15 minutos ele está de volta ao bar, falando que vai tirar a roupa de trabalho para apreciar um suco de cevada com a gente. No fim, ele ainda me leva no hotel em seu carro de mão inglesa, e me dá um boné e um botton de voluntário da Copa! Em troca, dou uma camisa do Brasil e ele diz que vai entregar ao filho. Lembro do caso do aeroporto e o presenteio com uma nota de 2 reais. 

Dois reais é muito mais que um pão chapado e um cafézinho.

* É ter amigos. O bar desse dia, é o mesmo bar que eu vi o jogo de abertura da Copa entre África do Sul x México, e retratei no post "Once in a life time". Esse dia é o dia do jogo entre "África do Sul x Uruguai", e os amigos que tínhamos feito no primeiro dia, estavam de volta, a lá BH, batendo ponto no buteco. Nada como chegar em um buteco a beira do Oceano Índico e tomar um tapa nas costas dos conhecidos no recinto.



                                                    O amigo congolês, e a família sul-africana.
_____________________________________________________

pitacos na Copa

Já que a Copa ja está nos seus 40 do segundo tempo, deixo a intenção pra lá, e resolvo dar meus pitacos sobre o torneio.

- Foi bom. Melhor que 2002 e 2006, pior que 1998 e 1994. 

- A elminação do Braisl já foi mastigada, cuspida e ruminada. Não cabe falar mais aqui. Mas recomendo essa reportagem-opinião do Marcos Uchôa sobre a eliminação do selecionado brasileiro. 7 minutos esclarecedores.

- Minha seleção da Copa, antes da final: Casillas (Espanha), Maicon (Brasil), Juan (Brasil), Victorino (Uruguai) e Fucile (Uruguai); Schweinteger (Alemanha), Snjeider (Holanda), Iniesta (Espanha) e Forlan (Uruguai); Suárez (Uruguai) e Villa (Espanha). 

- O melhor da Copa é o chatinho do Snjeider. 

Infelizmente, é ele. 



- Apesar do polvo discordar, desconfio que a Copa do Mundo irá parar nos Cofee Shops de Amsterdã amanhã, 1 a 0, gol do chatinho.


- E quem há de discordar que o símbolo da Copa 2014 é o Chico Xavier psicografando?


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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ilha de Caras

Texto simples, recheados de fotos e pouca informação útil.
Não, não é a revista Encontro, muito menos a Caras. É só um post do Uma Copa, dois Mundos que mostra as celebridades (ou não) que acabei por trombar na África do Sul. 

Se a Copa já é a Dineylândia para os fãs do esporte bretão, ficar perto da tribuna da imprensa em um jogo de Copa então... Particularmente, é a Disneylândia dentro da Disneylândia. Jornalistas do mundo todo se apertam nas cabines de transmissão, e a entrada para os homens da informação é bem do lado do buteco onde eu me preparo para o certame entre Argentina x Nigéria. Quem aparece?

Futebol, cerveja e Rede Globo? Só pode ser o Casagrande.

Poucos minutos depois, em um visual a lá Vinícius de Morais, aparece Tostão, craque da Copa de 1970. Jogava tanto que faz até meu pai virar tiete.

A elegância em pessoa, com a elegância em futebol (e em crônica esportiva!)

Vem o jogo contra a Austrália, em Durban. No meio dos australianos coloridos, um casal de preto se destaca. Todos tiram fotos, se ouriçam com a presença do homem de quase dois metros. Pergunto quem é. É Bosnich, ex goleiro da Austrália e do Manchester United, que inclusive foi campeão mundial com o time inglês, na final contra o Palmeiras, em 1999. Já é o suficiente para uma foto. 

Bosnich.  Minha vuvuzela é mais famosa que ele no Brasil.

Já no Brasil, pesquisando na internet, vejo que o cara é polêmico. Cocaína, envolvimento com prostitutas e travestis e até sinais nazistas em direção a torcida do Tottenham fazem parte da carreira do aussie aí. É quase um Adriano versão goleiro aposentado. 

Fim de jogo. Brasil 2x1 Coréia do Norte. 3 horas de espera no Aeroporto para voltar para Durban, que perto de Johanesburgo é a casa da vovó de tão aconchegante.
Se tem algo que o Brasil precisa melhorar para 2014 é no quesito aeroporto. Enquanto Confins e sua tediosa sala de embarque nos abençoa com o Café Rizza e seu pão de queijo a 7 reais, em Joburg, no O.R. Tambo, só na sala de embarque é possível encontrar Wimpys (um belo fasto food local), Subway, livrarias, lojas de bala da infância, engraxates, restaurantes má o menos, lojas de souvenir africanos e/ou da Copa, restaurantes finos, um pub. E dentro desse pub está lá, sozinho, tomando um chopp a 1h da manhã, o nosso capitão do Penta:

                                                              Cafu: 100% Jardim Irene

E as mulheres, já tediosas, que esperavam ver Assunções e Gianechinnis nesse post, aí está a última foto. E é uma foto de um grupo de três amigos que eu fiquei amigo durante minha estada na Copa. O último do meu lado é meu brother Vlad.

A turminha do casaco azul. Da época que a gente achava que o Dunga tinha jeito.


E quem vai ficar com ela, a vuvuzela amarela? 
No post da vuvuzela lancei o desafio para quem adivinhasse qual seria a final ficaria com ela, a vuvuzela amarela. Três pessoas acertaram Arthur, Alice e Luis Fernhur ando. Para desempatar, é um bolão da final. Qual vai ser o placar? Os três opinam aqui nos comentários, se ninguém acertar, a vuvuzela é do Arthur que disse que seria Holanda x Espanha primeiro!


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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Entrevista: Zhuyu, uma chinesa que virou torcedora


Lucas Paio, de Beijing

Zhuyu, 30 anos, é uma chinesa da província de Xinjiang, no extremo noroeste do país, famosa por seus freqüentes conflitos étnicos. Ela saiu da inóspita cidadezinha onde mora e ensina inglês para estudar a língua de David Beckham na populosa Beijing. Além disso, é namorada do meu amigo belga, que embora não possa torcer pelos Diabos Vermelhos nessa edição da Copa do Mundo, acompanha a grande maioria dos jogos. Antes do Mundial começar, Zhuyu não parecia nada empolgada: a idéia de ver vinte e dois marmanjos perseguindo uma jabulani por 90 minutos soava tão interessante quanto as lições do meu livro-texto de mandarim. Mas foi só a bola rolar que ela passou a assistir aos jogos, ler notícias na internet e opinar sobre a zaga holandesa ou o contra-ataque veloz dos alemães.

Logo após a surra de 4 a 0 da Alemanha na Argentina, o Uma Copa Dois Mundos conversou com Zhuyu sobre a Copa do Mundo e a visão chinesa sobre o maior evento esportivo do nosso planetinha azul.

Uma Copa, Dois Mundos: Então. O que você achou do jogo de hoje?
Zhuyu: Acho que foi um jogo maravilhoso. Foi o melhor que eu já vi.

Por que? De que forma essa partida foi diferente das outras?
Alemanha contra Argentina... Eu achava que a Alemanha seria melhor e faria um a zero, dois a um, algo assim. Quatro a zero foi bem inesperado.

Esta é a primeira Copa do Mundo que você acompanha, não é?
Sim.

E as Copas anteriores? Você não gostava de assistir futebol? Por que você não via?
Antes eu não sabia como acompanhar, não entendia as regras do jogo. Mas esta Copa é a primeira vez que assisto com meus amigos, e eu comecei a entender alguma coisa. Eu gosto, é um esporte interessante de ver.

Você sabe como o time da China normalmente se sai em Copas do Mundo?
Pelo que eu sei, a seleção chinesa não participa muito.

E você sabe quando eles jogaram a última vez?
Ouvi falar que o último jogo da China foi contra a França, e eles ganharam, mas eu não sei porque não classificaram para a Copa do Mundo.

Nas últimas Olimpíadas a China não participou do campeonato de futebol, participou?
Eu não assisti. Eu só acompanhei essa Copa do Mundo agora. (Nota do Entrevistador: na verdade a China participou sim, perdeu para o Brasil e não passou da primeira fase.)

Então, sobre a Copa. O que você tá achando? Quais são os melhores times, qual te deixa mais feliz, qual te deixa mais triste?
Com certeza eu acho que a Alemanha é o melhor time. Fico feliz em vê-los jogar. E o que me deixou mais triste, acho que é a Coréia do Norte.

Coréia do Norte. Por quê?
Hm, eu não sei por que, eu só queria que eles fizessem um gol, especialmente aquela vez contra Portugal.

Eles perderem feio. Você ficou bem triste, eu lembro.
Hehehe pois é. Desta vez eu também sinto muito pelo Maradona.

Porque?...
Eu acho que ele é um ótimo jogador, e tem um afeto profundo pelo futebol.

Ele foi mesmo um ótimo jogador, mas não está jogando agora, é só o técnico.
É, mas eu acho que ele deve estar muito triste agora.

É, aposto que sim. Hahaha...
Laurens (namorado da Zhuyu, sentado ao lado, que também torceu contra a Argentina): Hahahaha...

E para quais outros times você torce? Não os que você acha que são os melhores: os que você torce.
Antes eu também torcia pelo time da Itália.

Por quê?
Eu ouvi dizer que eles eram um bom time. Mas eu vi um jogo, eles perderam, então... é uma pena.

Algum outro?
Sim. Acho que dessa vez eu gosto muito do time da Alemanha. Porque eu ouvi dizer que eles são um time mais jovem, a idade média dos jogadores é 20, 21, por aí. Mas eles jogaram muito bem, acho que eles têm muito potencial.

E quanto a Portugal?
Oh, Portugal! Pois é, hehehe... Eu gosto da seleção de Portugal por causa do C-Luo. Eu gosto bastante do C-Luo. (Nota do Entrevistador: "C-Luo", como esclarecido no post "A Copa, o Cristiano Ronaldo e o pão árabe quentinho", é o nome achinesado do Cristiano Ronaldo.)

Por que você gosta dele?
Não sei por que, acho que ele corre muito rápido, e às vezes ele fica simplesmente parado ali mas quando alguém passa uma bola ele chuta para o gol bem rápido.

Você não gosta dele pela aparência?
Ah, ele também é muito bonito. Hahaha... Espero que Portugal possa ir mais longe da próxima vez.

Ontem você viu o Brasil perder para a Holanda.
É...

Como foi o jogo pra você?
Eu sinto muito pelo Brasil. Acho que no começo eles jogaram muito, muito bem, e eu achei que a seleção da Holanda não ia ganhar. Mas não sei por que, no segundo tempo a situação mudou. Acho que os jogadores brasileiros perderam confiança, não conseguiam jogar bem. Mas eles ainda são um bom time.

Quando você lê sobre a Copa do Mundo em jornais e sites chineses, eles apóiam algum time específico?
Sim, quando eu leio jornais chineses na internet, o povo chinês espera que algum time asiático vença, mas eles nunca se classificam. Se tem um time que quero que vença um dia, quero que seja a Coréia do Norte. Se não for a Coréia do Norte, espero que seja a Coréia do Sul. Se não for a Coréia do Sul, então que seja o Japão. Hehehehe...

Você estuda inglês em Beijing, e sua sala é cheia de pessoas de sua província natal. Seus colegas acompanham a Copa, sabem o que está rolando, gostam de futebol?...
Sim, eu sei que alguns dos meus colegas assistem futebol todos os dias, e até se encontram à noite para ver as partidas de 2h30 da manhã. Eles gostam de acompanhar os jogos.

Eles torcem para algum time em especial, ou só gostam de ver o que está acontecendo?
Não sei, eles só falam sobre os times, não torcem para nenhum especial, acho que eles só gostam de assistir aos jogos.

Você sabe onde a próxima Copa vai ser?
Eu sei: Brasil!! Porque um dos meus amigos é do Brasil!

Ah, e quem é o seu amigo?
Lucas! Hahaha...

Haha ok. Então... você tem algum palpite de quem vai ganhar esta Copa?
Acho que... hmm... a Alemanha vai ganhar a Copa. E também ouvi alguém dizer que a seleção alemã é um "hēimǎ", em chinês.

É o que?
"Hēimǎ ". Significa que eles jogaram muito bem, acima do que esperado. (Nota do Entrevistador: a expressão significa, literalmente, "cavalo negro". É o equivalente à nossa popular "zebra". Como um time favorito ao título pode ser considerado zebra, aí é que eu não sei.)

E eu que apostei 50 kuai com um amigo holandês no resultado de Brasil x Holanda?



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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tratado sobre ela, a vuvuzela.

Não chuta, não defende, não cabeceia,não da instruções. Em contrapartida é quem mais faz barulho.
Dividindo atenções com a Jabulani e o Maradona, ela, a vuvuzela, talvez seja a grande protagonista dessa Copa. Se o futebol do Kaká fizesse tão barulho quanto ela, a vuvuzela, mereceria um post só pra ele. Como não faz, inicia-se aqui o tratado sobre ela, a vuvuzela.


De todas as cores e modelos, e nações. O mercado vuvuzelano é movimentado na África do Sul. Elas vêm pintadas com a bandeira da África do Sul, em modelos que desmontam em dois para fácil transporte na mochila, com alças para carregas, ou com panos que a enfeitam com as cores e os nomes das nações participantes do torneio. Sem falar das mais simples, monocolores e baratas.

Espanha ou Alemanha? Essas vuvuzelas podem todas estar em uma semifinal de Copa.

Os preços variam, e alguns modelos esgotam. Nos meus primeiros dias de África me encantei por uma com um pano dos Bafana Bafana, sempre procurando o melhor preço, nunca comprava. Acabou que o tal modelo acabou, e eu acabei com uma verde sem graça que usaria para torcer para a Nigéria e depois daria para algum conhecido no Brasil. Criei uma relação de amor após 4 jogos soprando-a, me apaixonei pelo seu verde bandeira e seu som angelical. Hoje, não troco por nenhum trompete.

Verde que te quero verde.

Os preços variam de acordo com as emperequetudes que a vuvuzela tem, o som é o mesmo, mas o visual é que define o valor de mercado. As mais simples, monocolores, variando entre o preto, amarelo, verde e azul, custam cerca de 30 rands, ou R$8. Se for querer com um pano, com as cores e nome do seu país sai por 100 rands, cerca de R$30. A moda entre turistas é a pintada com a bandeira sul-africana (tá na foto do começo, junto com a verde), que se separa em dois para botar na mala, 120 rands R$35. A mulherada, sempre querendo a mais cara, escolhe essa aí embaixo, toda emperequetada com missangas e balagandãs do que se supõe ser um artesanato africano. Além de fazer barulho, a vuvuzela também é arte!

Pra mamãe, fica a vuvuzela cheia de não me toques!

Além do "como foi?" ou do "que jogos você viu?" ou até mesmo do "quanto custa um ingresso de um jogo de Copa?", a pergunta que mais escuto nessa volta ao Brasil é "putz! e a vuvuzela incomoda demais?". Todos, como vocês, ficam abismados quando a resposta é "Não, não incomoda nem um pouco". Não sei o que acontece, na TV incomoda, no estádio, não. A não ser aquelas pessoas que vão aos estádios achando que vão para a ópera, e querem conforto e alcochoamento. É tranquilo, é só um barulho. O incômodo é só se alguém sopra no seu ouvido, mas a educação reina, e todos miram o barulho para cima.. A vuvuzela original, registrada e feita por um monopolista, vem com um aviso singelo, em alto relevo, proibindo a sopração no ouvido alheio. Além de um dizer "orgulhosamente sul-africano".

Civilidade mode on.

Não incomoda no estádio mas machuca a boca. Minha boca, assim como a canela do Elano, ficou contundida na volta ao Brasil e só nesse último jogo pude voltar a soprá-la com todo o vigor. Sim, se sopra como um berrante, e isso em um plástico de baixa qualidade, somado ao frio só pode resultar em uma boca ficou toda perebada. 

Não se enganem brazucas! No fervor da Copa qualquer Loja Gujoreba sai por aí anunciando vuvuzelas por vender. Já vi e soprei essas brasileiras, que são até parecidas, mas não tem a capacidade de espalhamento sonoro e o som grave que as vuvuzelas lá da África tem. Por incrível que pareça, parece que o Brasil ainda não atingiu a tecnologia necessária. E vuvuzela é vuvuzela, aerofone de cerca de um metro de comprimento, tocada em forma de berrante, de som grave e gerador de polêmica. Me irrita esse movimento que prevalecerá pós-Copa, onde qualquer corneta vai ganhar a alcunha de vuvuzela. 

Se você ainda não viu, veja clicando aí o vídeo do primeiro contato meu e do meu pai com ela, a vuvuzela. Já evolui bastante após esse momento em um pub sulafricano e, por incrível que pareça, meu pai também!

Ainda resta um exemplar original de vuvuzela africana aqui em casa, sem dono. Então, se você quiser adotá-la é só comentar esse post, clicando ali embaixo em "comentários", comentar o que achou do tratado, e dar um palpite sobre quem serão os 2 finalistas da Copa. Quem acertar fica com ela, a vuvuzela amarela!

O Zakumi é meu, a vuvuzela amarela pode ser sua!



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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um dois três, p** no c* do português! (Brasil x Portugal, na China)

Lucas Paio, de Beijing.



Depois de assistir a duas partidas do Brasil em horário, no mínimo, féladapulta (2h30 às 4h15 da manhã), o jogo contra Portugal veio numa hora boa, literalmente falando: dez da noite de uma sexta-feira. Aproveitei a oportunidade para me juntar aos conterrâneos num bar em Sanlitun, distrito consular-etílico com mais estrangeiros por metro quadrado do que o bondinho do Pão de Açúcar. A Lúcia, campineira que mora em Beijing há 2 anos e meio (e escreve o blog Lu na China), me falou que a brasileirada iria em peso para o Luga's. Juntei a galera e lá fomos nós.

A Adidas armou até um campodefutebolzinho ao ar livre pra galera.

A noite começou com um jantar carinho, mas apetitoso, na pizzaria La Pizza (eita nome criativo), de proprietário e pizzaiolo italianos de raiz. A TV exibia uma reportagem de um canal italiano sobre a derrota patética da Azzurra no dia anterior, com direito a trilha de "Coooon teeeee partiróóóó", e o pizzaiolo lá vendo aquilo, deprimido. Se bobear até cortou umas cebolas na hora pra disfarçar o choro.

O Luga's é convenientemente localizado em frente ao La Pizza, mas não sabíamos disso e passamos a percorrer a ruazinha em busca do lugar. Ambulantes vendiam camisas e bandeiras do Brasil e, apurando o ouvido, já dava pra ouvir alguns transeuntes falando português. Encontrei o estabelecimento e três tiozões vestindo camisa do Brasil, que ali bebiam uma cervejinha pré-jogo, me informaram que o Luga's que exibiria a partida era outro. Dois bares na mesma rua com o mesmo nome. Brilhante.

Chegamos ao Luga's certo e boa parte das mesas da área externa, onde colocaram o telão, já estavam ocupadas. O garçom disse que do lado de dentro tinha muitas mesas disponíveis, mas eles mostrariam o jogo da Coréia do Norte com a Costa do Marfim (?!). "Tem muitos outros bares aqui em Sanlitun, é só darmos uma volta que a gente acha". Sim, bar tinha aos montes, mas todos cheios também (os lusitanos também vieram em peso), e a única área externa com telão e mesas vagas cobrava 100 kuai (R$ 26) de consumação por pessoa. Com os preços abusivos de Sanlitun, provavelmente gastaríamos até mais que isso, mas vai explorar sua avó, né.

 Debaixo desse Zakuminho tem um chinês suando em bicas.

Voltamos ao Luga's – cujo nome chinês é Lukasi, idêntico ao meu próprio nome chinês –, fizemos mágica pra caber todo mundo na mesa e observamos o lugar encher paulatinamente até lotar. Nunca vi tanto brasileiro junto em Beijing. A grande maioria vinha com camisa do Brasil, e teve um que chegou com o conjunto completo, camisa, calção e meião, ai de nós. A TV era de um canal americano e tinha narração em inglês, mas justo na hora de começar o troço danou a dar pau, a imagem travava toda hora e a galera começou a vaiar, claro. Trocaram para a tradicional CCTV 5 mas fizeram uma gambiarra para manter a narração em inglês. Logo agora que eu já tava me acostumando com expressões futebolísticas em mandarim, tinha que agüentar o sotacão americando dizendo "Crrristiénou Rrrounaldou".

A brasileirada no Luga's: loiro, morena, careca, cearense.

O zero a zero de dar sono não desempolgou o pessoal. Do hino, que cantamos na íntegra (tá bom, só até o primeiro "Pátria amada, Brasil") apesar de no estádio só tocarem um pedacinho, até o apito final, foi uma profusão de cantorias, berros, vaias e gritos evidenciando a gentileza brasileira para com os adversários: "Um, dois, três, p** no c* do português!", "Ronaaaaaldoooooooo viaaaaadooooooo" e quejandos. O bar ainda teve a infeliz idéia de distribuir cornetas pra galera (corneta mesmo, de som agudo, não era vuvuzela. Ainda não me decidi qual tortura mais).

A chinesa na nossa mesa olhava meio assustada, acho que nunca presenciou um zoológico daqueles.
Eu devia ter cantado pra ela: "isso aqui ô ô... é um pouquinho de Brasil iaiá...". Imagina se a Seleção jogasse direito. Beijing ia virar um Carnaval.



Aí, Thales. Na China a gente canta até o final!


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