sábado, 10 de julho de 2010

Ser brasileiro na África do Sul é...

Brasileiros, brazucas, samba boys, canarinhos. Denominações do futebolês para os nascidos em território tupiniquim. Qualidade necessária para um tratamento peculiar no país de Mandela, ainda mais em clima de Copa. Ser brasileiro na África do Sul é...


* É responder a todo momento o porquê de Ronaldinho Gaúcho e Adriano não terem ido a Copa. O Ronaldo, até lá, eles sabem que tá gordo.

É certeiro. A cada dois por três que te descobre brasileiro faz a pergunta, e as respostas são simples, mas nunca simplesmente aceitas pelos sul-africanos que exigem a presença do dentuço e do amigo do traficante no torneio. É tão impressionante que após o perrengue no táxi contado no post "O primeiro jogo", cheguei ao aeroporto de Lanseria, um aeroporto de tons rurais em Johanesburg. Passo pelo detector de metais, e minha mochila pelo raio-X. A moça pede para abrir a mochila, e o senhor que abre as mochilas suspeitas me acompanha até a mesinha de abrir mochilas suspeitas. Me surpreendo e temo que algo está acontecendo quando vejo que TODOS os funcionários da função detector de metais/raio x nos acompanham e passam a olha minha humilde e inocente bagagem. Incrívelmente, eles falam que não estão acostumados a ver brasileiros por lá, e gostam muito do país, por isso me pararam. Passam a perguntar tudo sobre o Brasil, se eu acho que vai ganhar, se eu sei sambar, se eu tenho um pandeiro na mochila. Parece que viram a agulha no palheiro quando encontram meu cachecol do Brasil dentro da mochila, se empolgam, querem tirar fotos. Quando acham moedinhas de real espalhadas dentro se empolgam novamente. Perguntam quanto vale em rands, moeda local. Deixo para trás os agentes da segurança aeroportuária, presenteando cada um com uma moeda de 10 centavos, e ensinando-os a falar "Seja benvindo ao aeroporto" em português. Resultado: felicidade geral da nação.

Logo após o ocorrido fui ao banheiro da sala de embarque lavar as mão de uma tinta para o rosto que impregnava minha mão. Sou surpreendido pelo único funcionário do sexo masculino que ganhou a moedinha vindo perguntar porque diabos o Gaúcho e o Adriano não estavam na África. Depois de 15 minutos de uma boa discussão futebolística, quase já o tinha convencido do porquê, um outro sul-africano que estava no banheiro trancado em seu troninho individual sai, e depois de escutar toda a conversa pergunta:
- Ok. Mas e o Pato!? Qual o motivo de não levar o Pato?
Chego a conclusão que eles seriam melhores técnicos que o nosso treinador. No fim, eles ainda citam os "young boys" do Santos que viram pela TV. E ficam surpresos de eu achar que o Brasil não vai ganhar. Pergunto:
- Mas o que leva você a achar que um time sem Ronaldinho, os "young boys", Pato e com Felipe Melo e Dunga vai ganhar?
- Simples, vocês sempre ganham. 
Será?

A história foi grande, mas lembram do título? Continuando...

* É estar em um barco observando o pôr do sol, águias, crocodilos e hipopótamos quando de repente, é  abordado por uma tia que indaga a sua nacionalidade. Já que vim de terras tupiniquins, ela diz que torce para o Brasil logo depois que os Bafana Bafana forem eliminados, e por esse motivo, como se eu fosse um ator global, ela quer tirar uma foto comigo para mostrar para as amigas que encontrou um brasileiro!

Será que ela vai falar que sou ator de novelas?

* É estar perto de nigerianos muito loucos em um Argentina x Nigéria, ao saber que você é brasileiro, ele comemora, e como se fosse um gol mostra a camisa que está por baixo:

100% capoeira e toque amazonas. Que diabos é isso?

* É responder mais de uma vez se a gente mora na "City of God".

* É ser criativo sem medo de ser feliz.


* É ter exemplos do "ser prestativo". 18h em Durban, já escuro, acabou de acabar a peleja entre espanhóis e suiços. Em meio a suiços que não se aguentam de felicidade por terem ganho da favorita, pergunto a um rapaz identificado como voluntário como faço para chegar em tal bar, na beira da praia. Ele, a lá google maps, me diz que são 3,5km e pergunta se quero ir a pé ou de táxi. Escolho a primeira opção e peço o caminho. Ele simplesmente diz que vai nos acompanhar pelos 3,5km até lá! Falo que não é preciso, e ele diz que irá, porque somos brasileiros e o filho dele ficará imensamente feliz se ele voltar para casa e disser que pode caminhar e conversar com gente que veio do Brasil! Hebe diria, "gracinha". Ao chegar no local, tento dar uma gorjeta que é refutada, tento chamar para tomar uma ou comer algo, novamente refutado. Mas não da 15 minutos ele está de volta ao bar, falando que vai tirar a roupa de trabalho para apreciar um suco de cevada com a gente. No fim, ele ainda me leva no hotel em seu carro de mão inglesa, e me dá um boné e um botton de voluntário da Copa! Em troca, dou uma camisa do Brasil e ele diz que vai entregar ao filho. Lembro do caso do aeroporto e o presenteio com uma nota de 2 reais. 

Dois reais é muito mais que um pão chapado e um cafézinho.

* É ter amigos. O bar desse dia, é o mesmo bar que eu vi o jogo de abertura da Copa entre África do Sul x México, e retratei no post "Once in a life time". Esse dia é o dia do jogo entre "África do Sul x Uruguai", e os amigos que tínhamos feito no primeiro dia, estavam de volta, a lá BH, batendo ponto no buteco. Nada como chegar em um buteco a beira do Oceano Índico e tomar um tapa nas costas dos conhecidos no recinto.



                                                    O amigo congolês, e a família sul-africana.
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pitacos na Copa

Já que a Copa ja está nos seus 40 do segundo tempo, deixo a intenção pra lá, e resolvo dar meus pitacos sobre o torneio.

- Foi bom. Melhor que 2002 e 2006, pior que 1998 e 1994. 

- A elminação do Braisl já foi mastigada, cuspida e ruminada. Não cabe falar mais aqui. Mas recomendo essa reportagem-opinião do Marcos Uchôa sobre a eliminação do selecionado brasileiro. 7 minutos esclarecedores.

- Minha seleção da Copa, antes da final: Casillas (Espanha), Maicon (Brasil), Juan (Brasil), Victorino (Uruguai) e Fucile (Uruguai); Schweinteger (Alemanha), Snjeider (Holanda), Iniesta (Espanha) e Forlan (Uruguai); Suárez (Uruguai) e Villa (Espanha). 

- O melhor da Copa é o chatinho do Snjeider. 

Infelizmente, é ele. 



- Apesar do polvo discordar, desconfio que a Copa do Mundo irá parar nos Cofee Shops de Amsterdã amanhã, 1 a 0, gol do chatinho.


- E quem há de discordar que o símbolo da Copa 2014 é o Chico Xavier psicografando?


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Um comentário:

  1. Que isso cara. É realmente o Chico Xavier.

    O que será que os espíritas vão achar!?

    Arthur "vuvuzela" Freitas

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